quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Ônibus

Andar de ônibus é uma péssima ideia. Há muito tempo estou para escrever sobre isso. Não que eu tenha uma vasta experiência em biarticulados, mas às vezes eles são extremamente necessários. Foi o que aconteceu hoje.
Criar o transporte público foi uma ótima ideia. O que a estraga, assim como a todas as outras ótimas criações, são as pessoas. Ou melhor, o seu comportamento quando são expostas a convivência com outros seres humanos.  E o que é pior, em um lugar fechado. Não tem como fugir. Rende uma teoria de mestrado em comportamento humano.
No ônibus se encontram os mais diversos personagens. E essa mistura que faz com que eu evite ao máximo essa festa da diversidade. O meu problema começa com o motorista. Normalmente, eu perco os ônibus que preciso pegar, por isso vivo atrasada. Então, o próximo guia precisa andar como uma tartaruga e fazer o trajeto de 30 minutos em 1 hora e 30 minutos (Nota mental: nunca marque horário comigo). Isso quando o próprio motor não resolve me sacanear e pifa na metade do caminho. Coitadas das outras pessoas que me acompanham. É como uma nuvem negra sobre a minha cabeça. Durante o caminho, 32 senhoras de idade sobem no ônibus. Se eu, por uma sorte muito, muito grande, consegui sentar, preciso levantar para dar o meu lugar. Porque, para lugar no ônibus, vale a lei da selva. O mais forte sobrevive, e senta. Reparem no olhar das pessoas quando alguém se levanta. É ódio, gente. Na mente delas, todo um esquema é planejado para chegar primeiro ao paraíso: o assento. Eu não me envolvo. Fico só observando. Esse é o meu senso de civilidade, que acaba quando alguém com uma música muito ruim resolve que todos precisam ouvir a sua poluição sonora, tira os fones de ouvido e liga o volume no último. Como se já não bastasse isso, sempre tem aquelas senhoras que precisam conversar sobre a vadiazinha do trabalho que reclamou do café sem açúcar, afirmando para quem quiser ouvir (e para quem não quer, claro) que elas não tem obrigação de agradar a ninguém, ainda mais se for a garota que entrou na faxina a apenas um mês. Isso para não citar a criatura que insiste em falar ao telefone, mesmo sabendo que não vai escutar e muito menos entender nada do que a pessoa do outro lado da linha irá dizer. Começa então o festival de "hã?", "oi?", "não entendi" e, por fim, o meu preferido: "estou no ônibus, te ligo depois!". Mas, o que me tira do sério e me deixa realmente tentada a quebrar o vidro de emergência, é o ser que quer ser meu amigo. No ônibus, eu faço cara de quem não quer conversar. Por que você insiste? Eu quero ler, escutar música, dormir, mas não quero curar sua falta de afeto. Aprenda: Transporte público não é lugar para se fazer novas amizades. Muito menos se é essa nova amizade for a minha.

Portanto, se você é uma dessas pessoas e me encontrar no ônibus, não sente perto de mim. Não quero ser sua amiga.

Um comentário:

  1. Começar a ler seu blog provavelmente foi uma má ideia, uma vez que vou ansiar muito por novas postagens. Não tentarei conversar com você no ônibus - obrigado pelo aviso - mas se te ver por lá, me lembre que ainda te devo um chocolate.

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