quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Gírias

Se comunicar através de gírias é uma péssima ideia. Pela definição, "Gíria é um fenômeno de linguagem especial usado em uma classe ou até em uma profissão, para indicar outras palavras formais da língua com o objetivo de fazer um segredo, um ato cômico ou criar um grupo com seu próprio dialeto." Um ato cômico. Alguma dúvida de que isso não é algo legal? Nesse ponto, as pessoas levantam das cadeiras e me chingam dizendo que é um erro generalizar. Mas, eu digo: não é. Não mais. E eu falo porque, apesar da minha pouca idade, já acompanhei algumas fases da evolução da sociedade. A gíria é uma delas. Não que eu tenha pego a época do 'E aí, broto? Tô meio borocoxô, mas uma volta no carango bota pra pegar'. Ainda bem. Eu não aguentaria meu tênis novo sendo chamado de supimpa, transado, um estouro! Isso não é elogio. E, se algum dia foi: que péssima ideia! Mas, quando eu era criança (e com criança, quero dizer 8 anos), o mundo conseguiu piorar. Me lembro como se fosse hoje de como eu dizia tesão quando algo era muito bom. E isso com a boca cheia. Sem imagens eróticas. E, quando era mais do que isso, o tesão vinha com T maiúsculo. Me envergonho do meu passado. Isso que ainda não cheguei no massa. Massa é uma forma baiana de aprovar algo. Massa substitui uma opinião. Massa é uma opinião. Já opiniei muito assim. Mas passou. Fiquem tranquilos. Essa gíria em especial me lembra uma classe específica de gírias, a dos surfistas. Mas, muito mais do que pelas palavras, eles se caracterizam pelo modo de falar. E não, isso não foi um elogio. O primeiro passo para aprender o 'surfistês' é um fumar um baseado. Com isso, você adquire o falar arrastado que tanto irrira meus ouvidos. O próximo passo é ir para o pico, pegar uma onda maneira e bater uma larica. Existe também a gíria da elite, usada por patricinhas e mauricinhos. Dessa, eu só ouço falar. E não muito bem, diga-se de passagem. Whatever. Atualmente, o que mais faz sucesso entre as adolescentes virgens, é a gíria da internet. E não estou falando dos termos técnicos. Estou falando dos memes. Cortem os pulsos. Eles transmitem emoções online. Até aí, tudo bem. Existem coisas que são realmente difícieis de serem ditas na internet. Mas daí falar assim na vida real? Não é pedir um pouco demais? Pede para sua mãe marcar um psiquiatra para que você consiga expressar seus sentimentos. Mas, sem dúvida, a campeã de reclamações ao PROCON por poluição sonona, é a gíria dos manos. Mano já é uma gíria péssima. E piora no femino: Mina. Se alguém me chamar de mina, eu explodo na cara dele (Essa foi minha tentativa de fazer uma piadinha. Riam.). Mano chama o amigo de brodi, chegado. Eu não quero ser seu amigo, mano. Com o mano é tudo embaçado, firmeza? Dá pinoti pra fazer a correria na quebrada. Nóis é treta, truta. Como todo respeito do mundo: morra. E respeito a diversidade cultural é o caralho. E sabe por que? Porque a maior parte das pessoas que falam assim não são sinceras. Elas não são de verdade. Usam esse esteriótipo para serem aceitas em determinado grupo, fingindo a vida toda ser quem não é. Você, que é essa pessoa, tenha aqui um conselho: Vá procurar um curso de ator e não enche o saco.


Ministério da saúde adverte: o uso abusivo e irresponsável de linguagem chula pode causar nos ouvintes um Infarto agudo do miocárdio. Vulgarmente, Ataque Cardíaco.

2 comentários:

  1. "Usam esse esteriótipo para serem aceitas em determinado grupo, fingindo a vida toda ser quem não é."

    não é isso que as pessoas fazem em todos os grupos, em todas as classes, de todas as formas, o tempo todo?

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  2. Exatamente. Mas, com um bom curso de teatro, a vida fica muito mais agradável de fingir.

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